Aprendizagem cognitiva: o que é, processo, benefícios e exemplos

27/10/2023 | Santander Universidades

“Diga-me e eu esquecerei; ensina-me e eu poderei lembrar; envolva-me e eu aprenderei.” Esta é uma citação de Benjamin Franklin, estadista e cientista norte-americano, que mostra a importância de vincular o conhecimento a algo realmente significativo para que se possa aprender de verdade. E este é o objetivo da aprendizagem cognitiva.

Trata-se de um método pedagógico que visa distanciar-se do sistema educacional tradicional, que se baseia na memorização de informações sem compreensão e assimilação do conceito aprendido. A aprendizagem cognitiva, por sua vez, procura maximizar as funções e habilidades cerebrais de cada pessoa.

A verdade é que o seu uso está crescendo em diversas áreas, passando das salas de aula para o ambiente de trabalho. E, como mostram alguns estudos, o uso de estratégias cognitivas melhora a aprendizagem e sua retenção. Quer saber tudo sobre essa técnica?

A seguir, explicamos em que consiste exatamente a aprendizagem cognitiva, qual é seu processo e seus principais benefícios.

O que é aprendizagem cognitiva?

Como disse o filósofo chinês Confúcio, “aprender sem refletir é um desperdício de energia”. E este é o conceito essencial da aprendizagem cognitiva.

Trata-se de um método de aprendizagem que consiste em diversas operações mentais que se baseiam na experiência e no processamento das informações pelo indivíduo, a fim de assimilar um conhecimento e dar-lhe uma resposta. Assim, conectam-se as ideias existentes, ou seja, o conhecimento que a pessoa já possui, com as novas informações para aprofundar a memória e a capacidade de retenção.

A aprendizagem cognitiva não é um método de aprendizagem recente, mas remonta a 1930, quando o psicólogo suíço Jean Piaget estabeleceu as bases da teoria cognitiva, que evoluiu com contribuições subsequentes de outros psicólogos como Vygotsky, Jerome S. Bruner e David P. Ausubel.

Piaget, por sua vez, afasta-se da teoria behaviorista, cuja abordagem centra-se exclusivamente em fatores externos, e opta por uma abordagem de caráter mais introspectivo. Para o autor, as pessoas não apenas se relacionam com esses fatores externos, mas também processam e armazenam informações relacionadas a essas circunstâncias ou ações externas, acionando suas funções cognitivas para completar o aprendizado.

O processo da teoria cognitiva

A teoria cognitiva estabelece um processo de diferentes etapas para a construção do conhecimento. Este processo se aplica desde a primeira infância, em que se aprendem as funções motoras, até a idade adulta com conceitos mais complexos, como a resolução de um problema matemático.

As fases que compõem o processo são as seguintes:

1. Assimilação: esta é a primeira etapa em que novas informações são associadas às informações existentes. Por exemplo, se você começar a estudar uma língua estrangeira, a princípio tentará traduzir tudo para a sua língua nativa, pois é a língua que você já conhece.

2. Desequilíbrio: esta fase acontece quando um novo fator externo, que não está incluído no seu esquema de reconhecimento, aparece no processo de aprendizagem e produz um desequilíbrio.

Voltando ao exemplo anterior, imagine que, ao ler um texto em inglês, você não entende uma construção e não encontra um equivalente em sua língua materna. É provável que você se sinta confuso e não saiba como interpretar essa situação.

3. Acomodação: na acomodação, os estágios anteriores sofrem uma variação provocada por fatores externos para atingir o equilíbrio adaptativo. Isto é, você percebe que essa construção desconhecida não pode ser traduzida e tenta entender seu significado e uso para aprendê-la.

4. Equilíbrio: finalizado o processo de acomodação, é possível compreender o conhecimento adquirido e diferenciar o que você já sabia do que é novo.

Seguindo o mesmo exemplo, chega um momento em que você consegue internalizar os conceitos em inglês sem precisar traduzi-los continuamente para sua língua nativa.

homem trabalhando sua aprendizagem cognitiva

Tipos de aprendizagem cognitiva

Após o surgimento das primeiras teorias, apareceram novos estudos que permitiram o desenvolvimento de vários tipos de aprendizagem cognitiva.

1. Aprendizagem explícita e implícita

A aprendizagem explícita é caracterizada pela intenção de aprender uma nova habilidade ou processo de forma consciente, o que exige atenção constante. Por exemplo, é o que acontece quando você quer saber mais sobre um assunto do seu setor e decide ler um livro ou artigo sobre ele.

Por outro lado, a aprendizagem implícita rompe as regras do método anterior, uma vez que o conhecimento é adquirido sem se ter consciência disso. Neste sentido, com certeza você leu um livro, ouviu um podcast ou realizou alguma tarefa que, sem querer, contribuiu para que você adquirisse novas capacidades pelo simples fato de executar as funções de forma automática.

2. Aprendizagem significativa

David Ausubel, psicólogo norte-americano, consolidou a aprendizagem significativa no âmbito da teoria cognitiva com suas novas contribuições.

Segundo esta perspectiva, existe uma relação entre as novas informações adquiridas e os pensamentos anteriores de cada pessoa e, a partir disso, se forma uma conexão que culminará em um novo aprendizado.

Este modelo propõe um método de aprendizagem ativo e que desperte o interesse dos alunos, como é o caso da gamificação, para que possam assimilar o conhecimento.

Um exemplo claro de aprendizagem significativa é quando um profissional realiza uma formação complementar em negociação e, ao ter que liderar uma negociação, vê como pode colocar em prática o que aprendeu, atribuindo um significado pessoal ao conhecimento adquirido.

3. Aprendizagem por descoberta

Essa teoria, desenvolvida pelo psicólogo e pedagogo estadunidense Jerome Bruner, na década de 1960, estuda a influência do ambiente na aprendizagem. Isto é, como descobrimos as coisas por nós mesmos ao selecionar e organizar os estímulos do ambiente.

Por exemplo, se no seu trabalho você deve utilizar uma ferramenta específica que não usava até então e, portanto, procura instruções de uso, aprenderá as características do seu mecanismo pela descoberta.

4. Aprendizagem experimental

Como o próprio nome indica, esta aprendizagem é baseada em experiências vividas em diferentes áreas. Estas vivências nos permitem descobrir o que falha e o que funciona e aprender lições com base no acontecimento. Contudo, é importante que estes eventos sejam sempre bem estruturados e desenvolvidos dentro de objetivos estabelecidos.

Você se lembra de como aprendeu a andar de bicicleta quando era pequeno? Com certeza você caiu e se levantou algumas vezes e foi isso que te ensinou a andar.

5. Aprendizagem cooperativa e colaborativa

Dentro da aprendizagem cognitiva, podemos encontrar dois métodos que promovem a aprendizagem em grupo: a aprendizagem cooperativa e a colaborativa.

Por um lado, a aprendizagem cooperativa está cada vez mais presente no ambiente de trabalho, pois é um método que incentiva a aprendizagem através do trabalho, da colaboração e da socialização com os membros de um grupo. Neste modelo, todos são vistos de forma igual e o professor tem um papel ativo, sendo um guia durante o processo.

Por outro lado, embora a aprendizagem colaborativa seja bastante semelhante à cooperativa, ela apresenta algumas diferenças. Por exemplo, neste modelo há a procura pelos pontos fortes de cada membro da equipe e o professor só é consultado caso haja alguma dificuldade.

6. Aprendizagem por observação

A aprendizagem por observação é um dos componentes essenciais da teoria  social cognitiva. Esta teoria parte de uma situação que acontece ao menos entre duas pessoas: um dos sujeitos se converte em um modelo de referência, enquanto o outro se dedica a observar e a aprender de seu comportamento.

equipe trabalhando em conjunto a aprendizagem cognitiva

Quais são os principais benefícios da aprendizagem cognitiva?

Ainda que seja comum associar a aprendizagem cognitiva à infância, o certo é que ela também se aplica à formação profissional durante a fase adulta. Isto ocorre porque este método de aprendizagem apresenta uma série de benefícios.

Como você pode ver, um dos sistemas que pode ajudar a aprimorar suas habilidades de forma eficaz é a aprendizagem cognitiva. Esta metodologia ajuda a aprender com base no que você já sabe e a estabelecer vínculos para, assim, compreender melhor os novos conhecimentos.

Porém, o mais importante é que cada pessoa saiba qual o melhor método de aprendizagem para adquirir conhecimentos de forma mais rápida e efetiva. E, em um ambiente de trabalho tão mutável como o atual, é fundamental que os profissionais não parem de aprender para se adaptar constantemente às exigências do mercado de trabalho.

Você é professor com experiência em ensino superior e quer melhorar suas competências pedagógicas? O Banco Santander, em parceria com a Harvard Business Publishing Education, lança 300 vagas para o  Curso Santander | Essential Teaching Techniques com o objetivo de promover boas práticas universitárias, trabalho colaborativo e networking dentro da comunidade global de professores para implementar métodos de ensino exemplares.

Com duração de dez semanas, o curso é 100% online e permitirá que você coloque em prática as melhores metodologias e estratégias de ensino para melhorar a experiência de aprendizagem de seus alunos, inspirando-os a se destacarem.

Tudo isso será realizado por meio da metodologia de “sala de aula invertida” e do trabalho em equipes internacionais e multidisciplinares, sempre com o apoio de mentores. Além disso, o curso está disponível em espanhol, inglês ou português do Brasil. Não há custo para os beneficiários nem é necessário ser cliente do Banco Santander.

 

Você quer ser um agente de mudança em sua comunidade docente? Inscreva-se agora na convocatória do Curso Santander | Essential Teaching Techniques.